domingo, 30 de setembro de 2012

FLOR”
...A flor...
Transforma-se em fé,
...Em feto...
...Em afeto...
Fantástica?
Orvalhada em pérolas!
...Nos desertos...
...Nos mares...
...Nos ares...
....Nos vales...
...Nas sombras...
...Nos sonhos...
Calma!... Sobrevive!
A flor da alma!

De minha autoria
Mila Lopes
Ainda sem destino!

Estou aqui neste meio
de confuso e difuso,
maluco e distorcido
pensar!
Que mais tenho eu
de olhar e ver
para que venha a fazer
algo que nunca fiz?

Bater a porta e sair
enrolar-me outra vez
ir para onde não sei ir
e tentar a ser feliz?

Esquecer quem sou,
fingir que estou de partida
e não ir!
Olhar a quem me vê de miragem
fazendo de mim a voltagem
daquilo que eu sempre quis!
Ou ficar bem quieta
pensar que a porta aberta
não é para mim e o que fiz?

Encerrar-me pela certa
vendo as nuvens passar,
e assim ficar a olhar
apurando que é o vento
que as está a empurrar!

Nada disto é certo,
ir, ficar, parar...
Então? Para onde me vou
atirar?

A um beco sem saída!
Não pensar na partida!
Não pensar em ficar!
Não pensar
que sou empurrada
como as nuvens ...!

Que sou eu sem
saber o que fazer
à minha vida!!


Maria Morais de Sa
DIVINA ILUSÃO”

No meu sonho eram de luz as rosas, como os astros,
Que no sol poente o cálice entreabriam nos mastros!
Onde pinheirais rezavam nas colinas, melancolias
Ternas para nós, num verde beijo, com fantasias!

Tínhamos tranquilidade nos tragos do desejo
Como as raízes fortes que não cedem à aragem
Nem ao vento, no meu sonho, na outra margem!
Em fantasia de poeta não podia perder este ensejo!

E assim acabou o meu sonho imaturo
Procurando entrever um risonho futuro
Entre o céu sempre azul e a terra sempre em flor…

Ai, divina ilusão que eu tive e que tiveste,
Quando nos envolveu esse encanto celeste
Do meu primeiro beijo e do teu primeiro amor!

Alfredo Costa Pereira
Pintura de Edouard Manet
A MINHA FIGUEIRA

Num ameno Outono ela viu-me nascer,
seguiu os meus passos, viu meu desalento.
Deu-me as mãos amigas e viu-me vencer,
escutou meus segredos na trova do vento.

Abrigou a casa que me viu crescer.
Seus figos de mel foram meu sustento,
“tapou-me” nas noites, quando ia chover
e viu-me ser homem, no primeiro momento.

Passaram-se os anos e a minha figueira,
de parras viçosas e minha companheira
d’infância perdida tem novo rebento.

É a minha figura, na essência do tempo,
de braços estendidos rumo ao firmamento
no espelho da vida que é o meu pensamento.

Manuel Manços
DURANTE MUITOS ANOS SENTI SAUDADES DE TI LINDA CIDADE DA COVILHÃ...

A SAUDADE AUMENTA
Saudade é a memória nostálgica
De alguém que quisemos no passado
E então… Algo tem que permanecer
Ficou no fundo escondidinho
Mas agora estou lembrando!

Saudade é a memória nostálgica
De quem longe de nós está
Deixando lembranças na mente e no olhar
No coração entre erros e acertos
Ficou no horizonte um apaixonado observar!

Saudade é uma sombra que trilha
Por onde andou o amor e a paixão
Estrela que fica quando as outas se vão
E quando fica mortifica o coração!

Saudade é como um sino
Badalando sem sessar
Dentro da nossa alma
E faz a gente não sei porquê soluçar!

Saudade é febre que toda agente tem
Em qualquer momento pode apanhar
Não nos mata de repente
Vai-nos matando devagar!


Nazaré G.
Naná Ferreira
CHEGO A PERDER A ESPERANÇA

Quero sentir os teus braços
E neles me aconchegar
Estreitar mais nossos laços
Esse dia tarda em chegar

Chego a perder a esperança
De te ter bem junto a mim
Não é tanta a distância
Mas a saudade não tem fim

No peito vai-se acomodando
Parece não ter mais jeito
Continuo te esperando

Sinto doer o peito
Parece que vai rebentar
Encolho-me só no meu leito
Com saudade de te abraçar

tulipanegra
Estou só

Sem ti meu amor...
porque partiste
sem me avisar?!..

claro,
era impossível

aceito,
mas sinto a tua falta
dos teus beijos
das tuas carícias
dos teus abraços
das tua doces palavras
da tua presença atenta...
tinha tanta paixão
queria te dizer
vezes sem fim
quanto te amo,
te admiro...
pedir-te desculpa
por vezes não e compreender
de não estar
quando mais precisavas...
tive tanto tempo
para o fazer
e não tive tempo nenhum.
partiste para o outro muno
mas para sempre
ficou dentro de mim
a tua estrela
continua a brilhar,
a dar-me força quando
preciso,
a dar sentido à minha vida !!
descansa em paz
meu eterno amor♥

Tina Gante♥
Vestido de amor

Vesti-me, tapei a minha nudez
Não podia continuar como Deus me fez
Nos meus pés
Calcei a vontade de caminhar
Atei os cordões para que a vontade ficasse comigo
Vesti-me para Ti... Sei quem Tu És
És a roupa do meu amar
Por isso enfiei calças
Calças que tapam muito perto do umbigo
À cintura, apertei com um cinto
Para sentir o castigo
Não vá a nudez voltar
Na parte de cima, uma peça com alças
Um ombro desnudo
Carícia talvez, pecado ou labirinto
Vesti-me para sair à rua e Te olhar
Vesti-me de amor, minha vontade é tudo
Tudo para Ti
Tudo por Ti
Tudo pelo vestir da minha vontade
Na cabeça coloquei um chapéu
O sol que me tocava na cabeça,
era a Tua Mão de verdade
Sentia no meu vestir, o calor do céu
Por isso vesti-me para que um dia mereça
Uma roupa de amor
Num céu azul que é Teu
Um vestir de pétalas de uma flor
Luz, paz e amor de uma só vez
Numa roupa que me deste
Quando a mim Vieste
E me deste a minha nudez

José Alberto Sá

CADA SILÊNCIO DOS TEUS

É uma dádiva ...Cada silêncio dos teus
Que como um arco-íris te ilumina
Pintando as tuas cores em teus seios
E nos olhos meus...

Como o olhar sublime de um pintor
Que na sua palete te colhe a cor...
Busco-te como um tesouro
E planto a tua mais fina flor

Cada silêncio dos teus
Em lábios perfeitos desenhados
Escondem-se segredos meus
Num baú colorido
E de tesouros despojados

Em teu corpo cada detalhe
Aprisiona o meu olhar
Com a astúcia de um pintor
Que teus contornos, vem desenhar...

Por Carla Oliveira

(Inspirado em palavras do escritor Jorge Ferreira)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

POR PRINCÍPIO
(JBMI)

Vim de longe.
Procurei sem êxito
ditongos e palácios
cavalgadas bárbaras
e mosquetes de pólvora vã.

Aproximei-me
do estridor vernáculo do peito
dos sintagmas coureáceos
das pronúncias severas
do salpicar salgado de amanhã.

E se filhos houver em conchas fechadas
draguem-se mares e firmamentos
virem-se xícaras de acre chá
que, enganei-me,
amanhã é hoje já.

27 de Setembro de 2012

José Brites Marques Inácio

(Escultura: Samor. "De peito aberto")
Se achas que amor se escolhe, acolhe e colhe sem precisar
Cultivar e cativar sempre, saiba que como a flor em semente
Ainda dormente ele se encolhe, recolhe e morre pra sempre!

Guria da Poesia Gaúcha
Desejo

Chamei de desejo
À linha que nos separa
Um fio longo transparente
Insaciável como doçura de um beijo
A sua distância
a vontade que não pára
Um corpo meu que te sente
na tua fragrância
de quando olho o infinito
E na vontade de um grito
Dizer que te amo
Chamei de desejo
À linha que me leva ao amor
Não é engano
É o amor sobre a linha que vejo
Quando vibras na luz de uma flor
E eu sinto o teu vibrar
Na linha do desejo e da saudade
Uma linha invisível
Mas apetecível,
pela sua verdade
Chamei de desejo
Ao meu desejo ardente
Chamei de desejo
ao teu desejo finalmente
A linha que me leva ao teu olhar
Meu desejo, um caminhar sobre a luz
Teu desejo, a minha cruz
A linha que me leva,
a te amar

José Alberto Sá
CHEIRINHO DE CHUVA
Manha de domingo
Abro a janela
Um temporal de emoções
Era cheirinho de chuva
Caindo toda embolada
O tempo fechou
O sol nem se atrevia a sair
Esse cheiro de terra molhada
Deixa-me assim toda faceira
Olho de volta minha cama quentinha
Meu corpo estremece
Sinto a leveza de um abraço
O toque suave na pele
Estremeço
Deixei a chuva lá fora
Voltei para a cama
Aquele cheirinho de chuva
Faz a gente ficar assim
Quietinha sem vontade de sair.

De IRÁ RODRIGUES
"SÓ SAIO DE MIM PARA ME LIBERTAR"


Onde está a mulher...
Que eu fui!
Onde se escondeu!
O meu olhar...
Eu estou aqui!
No meu canto...
Já não estou zangada!
Estou apenas calada...
Cansei-me!
Melhor assim?
Se tu me olhares nos olhos...
Verás!
Que aquela pequena...
Menina e mulher...
Fraca e forte...
Ainda está aqui?
Todas elas sou eu!
Hoje não me culpo mais?
Não quero apenas...
Conformar-me!
Eu sei mais de mim...
Eu tenho pressa!
E quero amar!
Sei que o que procuro...
E sei que me perco...
Eu iludo-me facilmente...
Sei como sou...
Sou carente !
Se eu te encontro...
Ajudo-te!
Eu amo-te!
E sigo-te docemente...
No sonho que é meu...

Esta sou eu!
Será que foi...
Só meu o sonho?

Então!
Melhor assim?
Não te aproximes de mim...
Não me queiras tocar...
Com palavras fracas...
Não quero amar...
Só o sol!
Que é tão grande...
E os meus braços...
Não conseguem...
Abraça-lo!
Não quero só amar...
A chuva fina!
Que se espalha por aí ...
Quero a tempestade!
Forte...
De verdade...
Depois!
O raio de sol que brilha...
Sem ferir!
Eu sou assim...
Natureza!
Ternura!
Coragem!
E certeza!
Eu não tenho tempo...
Para fingir que sou feliz!
Nem para inventar o homem...
Valente!
Amigo!
E cúmplice!
Porque não sabe amar...
Seremos...
Nós!
Agora eu sei mais de mim...
Foi tanto o que já te dei...
Eu entreguei-me!
E despi-me!
Prefiro ficar aqui?
Só saio de mim...
Se for para me...
Libertar!
No abraço!
De um homem...
Maduro!
Que queira me dar!
O seu olhar mais contente...
E sem medo!
E que com ternura...
Ele diz-me...
Quero-te a ti!
Como mulher...
Na minha vida!
Então!
Eu não me cansarei...
De te amar!
Seremos...
Os dois unidos!
A viver em sonho...
O resto das nossas vidas...
E eu sim!
Voltarei a ser eu...
A mulher!
Ardente!
Companheira!
E serena!
Que tu sempre...
Quiseste!


De minha autoria
Mila Lopes

DOCE VISÃO
Fecho os olhos a ver se não te vejo
Imagem doce de celestial alvura
Sombra de lua repleta de estrelas
Raio de sol com brilho de ternura;

Fecho os olhos a ver se não te vejo,
Murmúrio terno das Avé Marias
Doce melodia que cortando o espaço,
Me vem encher o peito de alegrias                                                                                                          

Fecho os olhos a ver se não te vejo,
Mas a tua bela imagem cheia de poesia
Qual vã miragem no deserto desta vida,
É a minha estrada, o meu farol-guia!

Fecho os olhos a ver se não te vejo,
Mas cada vez mais viva no meu ser
A tua imagem brilha com fulgor…
Fecho os olhos sim! Para te poder ver
Mina Siripipi"

O POETA
O poeta viaja embriagado
Com o corpo suado
Por suas angústias passadas
Lembranças amadas
De amores desejados
Como botão de rosa sonha
Ser a estrela de qualquer jardim!

Pensando no que é lindo
No que é belo
Escreve seu poema
Para se ver livre do sofrimento
Luta pelo que quer
Para que o mundo por ele sinta respeito!

Quer ser apenas aquilo que pode ser
Isso sim é humildade
Quer ser fonte inesgotável de liberdade
Tem vezes que o poeta parece ser poema
Ficando doente de repente
Tudo explode por dentro!

Tem momentos
Em que entram dentro da vida das gentes
-sem saberem o que fazem lá dentro
Sem saberem da alegria
Que sente o poeta que cria!

Nazaré G Naná)
 
 
Sorri...

Não deixes para trás os teus sonhos,
Aposta na força interior
que existe dentro de ti.
Não desprezes aqueles que te tocam
com amor e paixão.
entre dois seres apaixonados existe beleza,
só precisas de estar atento.
lembra-te que o amor triunfa sempre.
Não fiques parado, caminha
na vida com um lindo sorriso !!

Tina Gante !!

Deserdado de Manuel Manços

DESERDADO


Fruto do acaso, dum nefando espasmo,
dos raros prazeres de quem nada tem,
...
tu vieste ao mundo, obra do desdém,
triste, fruto triste, dum maldito orgasmo.

De boca faminta, caminham teus passos,
calcando os espinhos que a vida detém.
Chafurdas na lama, sem olhares ninguém,
contam-me amarguras os teus olhos baços.

Vegetas, irmão, como qualquer bicho,
envolto em miséria procuras no lixo
teu magro sustento, horrores pr’a comer.

Sob os trapos sujos, teu corpo é nojento,
nos cartões da cama e teu aposento,
Nem sabes que assim te obrigam a viver…

26-09-2012

Manuel Manços

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Assim começamos!!




Este é o apêndice que faltava!
Aqui registaremos as obras publicadas no Facebook!
Foi criado, para que sejam realçados, os originais inéditos de cada escritor e poeta que compõe o nosso lindo grupo Arte Das Letras Perdidas!
Esperamos que gostem desta nossa iniciativa e que seja um perpétuo livro de emoções!

  Bem-haja a todos!!

                                   




 Então...







Abrimos este Blogue a fazer referência a uma poetisa que nos enterneceu com a sua história de vida!
Seu nome Carla Oliveira, mulher lutadora, como muitos, contra os flagelos das doenças injustas e sorrateiras por vezes terminais.
Esta escritora, natural de Ponta Delgada, criada em Almada, estudou no Liceu Nacional de Almada (Pragal), atual Escola Secundária Fernão Mendes Pinto, acabando o liceu em 1988.
Pertence a uma família de artistas, a mãe de seu nome artístico SISSI, era cantora fazendo sucesso nos tempos áureos da Emissora Nacional, onde iniciou carreira. 
A avó foi professora mas deixou para ser cantora lírica, o avó era músico e o pai é hipnotizador e ilusionista, tem um tio que toca viola de fado e um primo que também se iniciou recentemente na carreira de músico.
Desde cedo a sua veia artística se notou, era uma boa aluna de português sempre escolhida para ler os seus trabalhos nas aulas, gosta de cantar (especialmente fado), representar e compor poemas para canções, e escrever pequenas peças de teatro.
Ganhou um prémio de Jornalismo no liceu com um texto sobre o ponto de vista do touro. 
Na atualidade escreveu um poema, baseada nesse mesmo texto que por ser polémico, não irá ser para já publicado e também por não se enquadrar no seu primeiro livro.
Até à adolescência escreveu poemas e alguns contos, deixando de o fazer pelos seus 16 anos. 
Em Dezembro, quando lhe diagnosticaram a doença, sentiu a necessidade de voltar a escrever!
A perda de sua tia com leucemia (tia essa também cantora) e o diagnostico do cancro da poetisa, a motivou a escrever o seu primeiro poema intitulado " O Tempo", considerado por ela talvez o seu melhor poema!
O seu contacto com outras pessoas, como ela refere "com menos força", foram a sua fonte de inspiração.
Assim criou a sua primeira obra que vai ser em breve publicada, intitulada "A VIDA DE PERNAS PARA O AR".
Este exemplo de vida lhe trouxe o arrojo de querer publicar o seu primeiro livro, um livro de poemas, o que pela sua qualidade, achamos ser uma boa opção para abrir este blogue.






RESUMO DE MIM

Resumo de mim
Quem me sabe dizer ?

Sou aquela que tem garra
E a força de um vulcão
Alegria em viver
Ao entrar em erupção

Sou aquela cheia de defeitos
Mas que a todos sabe escutar
Sou flor de amores perfeitos
E comigo podem contar

Sou mulher forte
Como a bala do canhão
Mas todos cabem dentro
Do meu enorme coração

Sou doce e amarga
Como o fado gemido
Nas cordas da guitarra
Que as notas deixam soltar
Com uma angústia escondida no peito
E com o coração a sangrar

Sou forte
Sou valente
Sou engraçada e presente
Sou desejo e mulher carente
Outrora sonhadora
Sou teimosa e inteligente
E sou uma batalhadora

Sou mãe
Sou filha
Sou amante
Por vezes dura,
Por vezes inconstante
Sou mulher segura
Atracada ao mirante

Sou Pedra
Sou gelo
Sou mel e doçura
Amo com paixão
Apesar da amargura

Sou condescendente
E por vezes sou serpente
Que morde sem envenenar
Sou cheia de defeitos
Mas com uma capacidade
Enorme de amar

Sou um rochedo
Que se esconde nas ondas do pensar
Das entranhas mais profundas
Estou eu sempre a arquitectar

Sou espontânea
Sou extemporânea
Por vezes querida,
Por vezes estranha

Sou sensível, bem falante
Extrovertida e muito elegante
Sou selvagem
Sou grito de mulher e mãe coragem

Sou tudo isto e muito mais
Sou aquela que sempre luta
Para defender os seus ideais

Sou a que tantos odeiam
E que a outros deixo a pensar
Sou onda na areia
E a muitos sei encantar...


Por Carla Oliveira